sexta-feira, 31 de julho de 2009

«Artikulations for Ligeti»

Estamos em 2004. Para marcar a minha despedida de S.Miguel preparo durante todo o primeiro trimestre de 2004 o projecto que se iria chamar «Artikulations for Ligeti». O projecto da futura exposição, que deveria decorrer em duas salas do Posto de Turismo da Ribeira Grande, constituía uma série de desenhos A3 monocromáticos, cujo objectivo seria a recriação visual de uma peça de Ligeti (1923-2006)chamada «Artikulation for tape». As leituras nos anos anteriores a 2004 sobre Paul Klee e sobre Kandinsky inspiraram-me e contribuiram para que a minha paixão pela música erudita aumentasse. A descoberta da música clássica do segundo pós-guerra por volta de 2004 era para mim um forte incentivo à exploração das potencialidades da música como meio de inspiração/ transposição para o universo visual do desenho/pintura. Sem querer recorrer à imitação fácil dos mestres atrás referidos, procurei explorar novas soluções. Nesse Contexto, ligeti, que ainda era vivo em 2004, surgiu-me como uma autêntica bomba. A Composição «Artikulation for tape» pelo seu poder de sedução e pelo seu título constituiram a inspiração base de todo o projecto. A exposição foi marcada para Agosto, um mês antes de iniciar a minha licenciatura em historia da Arte no Porto. Apresentado o projecto e aprovado pela entidade competente foi na última hora desmarcada a exposição pela entidade Municipal com a desculpa de que outro projecto ja tinha sido aprovado para a mesma dada e mesmo local. O projecto «Artikulations for Ligeti» foi desqualificado, desvalorizado e colocado de lado. Os desenhos foram dispersos e o projecto global nunca foi realizado. A música original de Ligeti estaria no espaço a ser tocada enquanto decorresse a exposição.
Desde 2004, o meu fascínio e admiração por Ligeti só poderia aumentar progressivamente. Assim, foi com tristeza que em 2006 tomei conhecimento pela comunicação social da morte de Ligeti. Morrera um génio contemporâneo, Mas felizmente resta-nos a sua música.





Do projecto restou-me apenas a vontade de um dia realiza-no na integra, sem que a ignorância municipal, seja onde for realizado, não possa interferir. O meu projecto foi substituído por pinturas de flores à impressionista.
Enquanto perdominar a ignorância e desconhecimento face à arte contemporânea neste páis, continuaremos a ser um País de Pobres de espírito. Abram as suas Mentes à mudança, ao desconhecido, ao novo, ao híbrido, ao absurdo!

Mona a lisa

Mona adoro essas tuas mamas!!
Se tivesses pila desejaria ser possuído por ti
Prometia-te que a minha passividade
Seria da mais doida e selvagem possível.

Mona pena não teres pila.
Mas senão te importares aceito bem
Com muito amor um, ou dois ou
Três dedinhos.
Esse teu sorriso excita-me
Mas o que mais me excita é saber
Que Leonardo misturou o seu esperma
No óleo com que te lambeu as mamas

Mona vem foder-me nem que seja
Com um dedo!


Toxinas

Acordei hoje com as toxinas do mal
Todas concentradas no meu coração.
Com dificuldade respiro e nos meus
Olhos, vermelhos, a tua imagem jaz
Embaciada pelo pensamento que ontem
Me levou àquele espaço escuro e caótico
Onde as sombras e a morte trespassam
Todas as pequenas ilusões.

Concentradas num espaço mínimo
Sinto-as! tão apertadas, tão presentes
Que todo a meu desejo de ter-te
Aumentou como se das tuas mãos
Florice o ar que respiro, que a todo
O momento me fere os sentidos.
Respiro lentamente sentindo dolorosamente
Cada entrada de ar, cada sorriso perdido

As toxinas da dor concentram-se no meu
Peito e dele não procuram sair. Toxinas

Victor

Branco era a cor do teu olho morto
Raridade desmedida dessa
Anal aquisição do Surrealismo.
Uma ausência não sentida
Na tua face dourada onde nós
E tu amamos essa
Rara visão do Mundo.

O crepúsculo interminável de um dia mau

Sedento de Sangue apertava os punhos do bicho
Sem que do seu aperto sentisse o gotejar da sua dor.

(O espelho quebrou-se, atirado em movimentos circulares,
A bola atingira com intensidade moderada a janela aberta,
Indo de encontro à origem da vaidade).

Bicho, este teu deus que te devora leva-te ao abrigo
Dessa capa envenenada pelos horrores do dia claro.
Se eu morrer, se eu morrer no crepúsculo desse dia
Quero ver ante mim os ossos daquele nojento ser,
O do joelho gordo, e nele pisar o meu último palavrão.
Mas a ti bicho quero ver-te morder os meus dedos dos pés
Com toda a tua força e se puderes aperta-me os punhos
Para que a dor me mantenha acordado.
Bicho morde-me os dedos das mãos até que no crepúsculo
Desse dia possa ver a minha musa. Senhora de mim.

* * *

Senhora, que ouviste com fervor o apelo dos que de mim
Mal desejam, ouvi-os e beijai-os as mãos.
Esses poetas incógnitos que ao meio da tarde
Espancam o sangue de ninhadas de cães,
Enegrecidos pelo frio de ventos gelados,
Calar-se-ão na tua passagem pelo rio.

* * *

Deixaste de rir na ribeira sem que pudesse beijar-te as faces.
No crepúsculo deixei-te no meio da fria imensidão,
O teu punho apertava o meu, a tua força gotejava no meu suor
E inseguro não soube conter-te as lágrimas.
Esses teus Punhos sedentos de garra deixei-os na beira do teu rio.
Onde os bichos beijam-te os seios envelhecidos
Onde os bichos mordam a tua carne

De punhos serrados com força
E sem que uma lágrima escorregue de mim
eu verei
A tua face Lamarim no crepúsculo interminável desse dia

Neste crepúsculo interminável de hoje
Quero eu morrer quando a maré alta vier apagar a tua imagem.


Anna a que Matava

Ouvi dizer que Modigliani
Desenhou essas tuas pernas suaves
E que de ti usou e abusou no seu
Atelier em Paris.

Anna pensava que eras virgem
Como são virgens os teus poemas

Lançar-me em tuas palavras
É beber dessa tua falsa virgindade


Pressões (Photo)

Eine Hand

Der Tisch, aus Stundenholz, mit
dem Reisgericht und dem Wein.
Es wird
geschwiegen, gegessen, getrunken.

Eine Hand, die ich kübte,
leuchtet den Mündern


Paul Celan (1920- 1970)


.....................................

Uma Mão

A mesa, feita da madeira das horas, com
o prato de arroz e o vinho.
Em silêncio
comemos e bebemos.

Uma mão que eu beijei
alumia as bocas.

Paul Celan (1920-1970)



...Por vezes impera a Ironia ou Humor:

Um leite com Chocolate por vezes cai bem no estômago!



O Artista explica o seu Trabalho (Santa Paciência lol)

bem aqui vai... Nunca fui adepto de escrever sobre as razões ou o porquê de desenhar como desenho. Desenhos estranhos, inestéticos para alguns, bonitos para outros, interessantes ou desinteressantes, rabiscos ou verdadeiras obras de arte. Pouco me importa, alías nunca me importei com a opinião dos outros a esse respeito. Não é ter uma postura arrogante, é simplesmente ter Uma postura correcta, uma postura de artista que sabe o que quer, o que procura encontrar na sua arte. A análise rigorosa dos trabalhos deverá ficar para quem as vê ou para o crítico especializado. Aqui só darei alguns pontos para as sua compreensão. Partindo do pressuposto que cada um vê o que sabe e que as sensibilidades variam de espectador para espectador, vou enumerar aspectos essenciais à minha estética plástica.

- Sobrevalorização das potêncialidades da linha (direcção, espessura,cor, ritmo)
- Oposição de elementos visuais (orgânicos - inorgânicos)
- Abstracção como Climax do «Sentir Estético»
- Valorização da monocromia
- Valorização de diagonais
- Jogos de Luz - Sombra


- Música serial como elemento essencial
- Filtragem de material visual - cinema, Teatro, Publicidade
- Valorização da escrita - Poesia


O exemplo que se segue chama-se «A Fonte» e vai de encontro a alguns aspectos referidos. Esta fonte faz referência à fonte do filme «Expiação» e à música do mesmo filme de Dario Marianelli, especialmente: «Two Figures by a Fountain». Nota-se que a fonte foi reduzida a uma elipse irregular azul, da qual saem pequenas linhas, dando a sensação de ser uma fonte de água quente. Nesse sentido a associação às Caldeiras de S.Miguel (Açores)(de onde sou natural)é mais que evidente.

Vindo de uma ilha, o elemento água sempre foi considerado (por mim) essencial, reflectindo-se na adoção do Azul em desfavor das outras cores. O negro das linhas podemos encontrar no basalto negro, que à semelhança da água, é um elemente essencial da Alma Açoriana. Deste modo considero-me essencialmente um artista açoriano, sem que para isso reduza a minha obra ao universo temático açoriano. O universo açoriano apresenta-se sempre filtrado na obra plástica, permanecendo encoberto como um nevoeiro, como uma bruma!



O Perfume

De Rosas, magnólias e lírios estou eu farto
Perfumes suaves e suaves imagens…

Aprendi com Sade e Bataille
A amar o Ordinário, o Cabrão e o Travesti
A amar a Cabra, a Vaca, e a Puta
Enjoa-me cada vez mais falsos moralismos

Trazei-me o Humano Corpo hirto
Ao corpo desse poema em toda a sua essência física
Com todas as imperfeições
Grandes narizes, caras desfiguradas, pêlos em todos os poros
Todos os odores pestilentos e líquidos viscosos…

E repartirei por vós o meu esperma azedo!


S do Cardeal Ferreira Leite

«A vida do poeta é dura-
Uma vida das duras, com a bota sempre pronta para o pontapé»
A.Macleish

Louvores aos semi-heróis apolíticos
Que descansam sossegados sob as bananeiras mais altas do éden da ilusão

O sol, a brisa do mar
O pássaro amarelo que soletra repetidamente:
I am happy, I am Happy

Hipnóticos heróis que consomem toda o memória do sal
E registam na areia toda a estupidez
Retirando o r Escrevem normal com s:
Não é com certeza uma coisa nosmal

Questionemos a horizontalidade do mar
E criemos coisas, coisas com s:
dos púbicos dos ministros criemos uma nova corda
que condene todos os apolíticos poetas
para que dos seus sufocos nasça a consciência
escrita com s.

o denso mundo espelhou a densa contradição
de defender a união mas esmagar o outro

ditemos um mundo novo, uma lei nova
a lei s:
«Por decreto caduco toda a nova republica condena,
proíbe e controla via chip toda e qualquer pratica anal
entre qualquer ser humano. O desrespeitar da lei s
condena ao esquecimento civil e exclusão social.»

Toda a lei é poder, e todo o seu cumprimento necessário
(com dois s)
e assim
(com dois s)
A cadeira do poder ficou vazia







P.S. - Religião e Política ainda alimentam tão estupidamente o Preconceito, e ninguém faz NADA!
P.S.2 - Não existe qualquer erro no Título!

A cela de Anselmo

Ali está o homem
Sentado de pernas cruzadas no centro
Admira melancólico os altos horizontes sombrios
O Homem esse filtro do mundo
(Imagem – quadro
Palavra – incoerência
Tempo – ontem e amanhã, nunca o agora).
Recolhe silenciosamente toda a palha que encontra

O sinal do non sense está vermelho e uma pomba branca
Espera na margem do rio o tempo para atravessa-lo.
A memória
Que cunha toda a obra deixa o seu peso na margem
Arregaça as calças e salpica as poças de água
A escassa água que não bebíamos no tempo
Bebemos agora silenciosamente
O leite petróleo de estranhas pombas
Ausentes.

As pombas sacrificam o seu corpo e deixam como testemunho
O seu incompleto ninho de palha.
O homem recolhe palha recolhe palha recolhe palha
E tenta em vão humanamente ser homem

Com tijolos em forma de pão, aquele que não comemos,
Criou o pombo as altas chaminés por onde os cânticos
Ancestrais procuraram a plenitude nas nuvens

À cela acrescento-lhe um N e a Anselmo retiro-lhe o O
E o sinal de non sense perde-se no mais suave dos ventos



Novo Mito- Dash Snow

O corpo de Dash já deve estar enterrado à já algumas semanas! O artista boémio, irreverente de Nova Iorque, na linha da tradição de Basquiat, morreu de Overdose este ano! O mundo da Arte Contemporânea ficou chocado, incluindo eu! Mal conhecido em Portugal (o ipisilon deu um telegrama de noticia), a sua carreira ascendente fez dele um artista de enorme importância! Conquistou inúmeros admiradores entre a sua geração e como tal nao poderia deixar de revelar o meu fascínio por Dash Snow. Nascido em 1981 veio a morrer em 2009 com apenas 28 anos! Acredito que, mesmo com uma carreira tão curta, Dash venha nos próximos anos a conquistar a categoria de mito. Existem várias razões para isto, mas hoje fico-me pela apresentação de Dash Snow - Decoram esse nome!



quinta-feira, 30 de julho de 2009

Nostalgia

I

Um homem caminha
Um homem caminha e quando caminha
Nunca caminha sozinho
Com ele o frio no rosto e a memória do tempo perdido
Um homem que é todo um mundo
Caminha
Pára
O homem pára
A vela que consigo trás tende a apagar-se
Tentativas falhadas de recordar o esquecido
Um homem
Um homem de costas frente ao inevitável
Caminha
Caminha e chapina as poças de água
E gela a evidência do seu percurso
Um homem caminha

II

Recomeço
Um homem parado olha a esquerda do seu ombro
Inspira
Um homem caminha
Primeiro passo arrastado para o inevitável
A chama acessa é protegida pela capa cinzenta do homem
A capa
A capa protege e caminha com o homem
Um homem
Um homem de costas protege a chama que o desilude
A chama evapora-se
Um homem desilude-se mas caminha
E recomeça a ambição
O amor

III

Primeiro passo de um homem
Passo levantado de um homem
O sexto passo perdeu-se
O sétimo é ainda visível
Ao oitavo perde-se definitivamente no frio do dia
O passo
Um homem caminha
Um homem calado caminha
Um homem
Um homem tropeça num vidro partido no chão
Onde o silêncio é quebrado
Trim
Um homem caminha lentamente
E lentamente protege
As mãos protegem a chama
As mãos
Um homem
Um homem chega ao seu destino coloca a chama e Morre
Um homem

Träume

Pai não acordes este
Coração de saudade.
O mar aqui tão perto e tu aí
Onde a ausência bate à porta:
«que musica é esta?»
Traumes, nada de importância.
Pai não feches a porta
Deixa-me sentir o teu aperto,
Ainda que em sonhos mais uma vez!



A Orgia de Basil Poleodouris

Os homens quando são jovens
Buscam as unhas afiadas de uma
Feiticeira no meio de uma cabana
No meio do deserto. No meio.
A política é algo eternamente secundário.

Quando as peles se tornam flácidas
Esses mesmos homens tornam-se políticos, até por vezes
Senadores de um estado reputado qualquer.
(Governadores, senadores tudo vai dar ao mesmo)
A força do seu membro já não muda o rumo dos mares e
As belas feiticeiras com olhos super pintados de rosa eléctrico
Com vestes opacas brancas e véus translúcidos recordam solitárias
as noites que com esses homens passaram.

* * *

O rodopiar de sons eróticos sobre si próprio
Que giram e voltam a girar
Entra-nos vagarosamente pelos ouvidos ficando-nos na alma o desejo de nos deixar
Embriagar pelo cheiro de pétalas de rosas embebidas em sonos e fetiches exóticos
Onde as cobras habitam e procriam outras cobras.

Para todos os orifícios existem dedos e mãos brancas
Todos os poros e aberturas são alvo de penetrações suaves
(A velocidade do movimento anatómico demora-se no seu sono)
Os cheiros a plantas exóticas de plástico abundam no espaço como se o espaço
Fosse todo o desejo de conter o universo sexual e animal.

Seios, pernas depiladas, algumas por depilar, outras peludas, vaginas, úteros inchados, tetas, vaginas e tetas e úteros inchados no meio o deus fálico da procriação. Seios e mais seios. Alguns testículos maduros, muitos imaturos, alguns inocentes testículos. Corpos sobre corpos, ancas sobre braços, braços entre pernas, braços nas pernas, braços dentro das pernas como se os úteros inchados acordassem na hora de dormir. Crianças à mistura, decrépitos e idosos sem cabelos brancos sob a camada de sanduíche criada pelo juntar de frustrações intimas.

Abundam os açúcares, e dos óleos e das chamas existem as sombras e os óleos existem para que os seios se cobrem de delícia.
Seios sem mamilos, mamilos sem seios curvos e flácidos.
Seios com pêlos escuros e com escamas de peixe e com peixe entre os pés
E o cheiro a sangue de penetrações bruscas no meio do cenário abundam

Movimentos que se repetem
O gemido,
lamentos dolorosos, soluços,
suspiros densos, chilidos e muitos vagidos.
Vagidos repetitivos.
Gemidos e corpos que ondulam metáforas simples
que encontram a satisfação dos dias.

Pandaretas , cetins translúcidos, almofadas e odaliscas disfarçadas de lobos com as patas no chão em cima das mãos
Músculos, braços musculados e inúmeras barras de chocolate criam os ventres masculinos.
Ímpetos masculinos que agitam outros ímpetos masculinos e se devoram ao som de gemidos
procuram matar as comichões e sede dos corpos

O andamento agita-se por momentos
Os vagidos intensificam-se descontroladamente até aos uivos de lobos
Cada um tem o seu tempo a sua demora
As feiticeiras demoram no cavalgar das suas ânsias
O chão molhado absorve todos os fluidos

O Conter de velocidade:
Comprar calças novas;
Pagar a luz;
Arranjar mais ganza;
futebol amanha…)

Recomeça um rodopiar
Rodopios intensos
Uma sobreposição, um desejo de conter num só copo todos os corpos.
Todos os corpos procuram o teu!
Um banho.
E todo o teu -
- O corpo
Revive o quotidiano escondido:
O amigo gay que se devora ao pequeno almoço, a vagina da tia que se acaricia ao fim da tarde, a ovelha que se procura no quintal do avô, o irmão mais novo que na calada da noite se masturba… todo o corpo procura contê-los entre os pelos púbicos semi nascidos após farta refeição.

* * *

Levanta-te, fecha os olhos e move a cabeça
Pró lado esquerdo e direito lentamente e movendo-te sobre ti mesmo entra na roda
Deixa que a tua vontade e sede se liberte na vivacidade de todos os movimentos
E tu mesmo fecharás com as tuas unhas afiadas o circulo musical que se criou

Terás sim antes demais que deixar crescer as unhas
Terás sim antes demais comer-te silenciosamente
E o chão molhado absorverá todos os teus fluidos



Staffelsee

Em tons de Azul pintei
Nas águas os teus cabelos
Límpidos desejos os meus
O de lavá-los com dedos meus.
Sujei-te as lágrimas frias
E das sombras do teu corpo
Bebi a libertação do meu eu
Esse que agora te cheira a pele
E no silêncio de sons híbridos
Te recorda
Puro e multicolor
Entre alma minha.






Projecto: After On Kawara - 40 anos!


Poema a karadzic

Emagreceste
O teu olhar continua insípido como no passado
Os anos comeram a tua papeira
A morte chupa-te através dos ossos.

Dedicam-te poemas, esses estúpidos poetas
Amantes de diabos azuis
Hoje, os teus pêlos ancestrais, são esse fato
Tão aristocrático e tão politico.

Tudo em ti é orgulho
Desde o queixo soerguido
Até ao poder indestrutível do teu olhar

Com Srebrenica ganhaste 8mil metros quadrados
De inferno só para ti!
Que te importa a vida nesta tua mísera moderna cela?
Salvar-te-ia neste meu poema, o meu coração é doce,
Mas ao meu lado a voz do destino sussurra-me ao ouvido:

…..carne mole à espera da forca.

12-08-08

Eis … 30 versos para evitar o Abismo

Kafkianos senhores de um improvável mundo onde
Homens de turbantes inspiram o calor quente de
Amarelos desertos e vislumbram
Mantos em seus pés dolorosamente revestindo solo
Entre donzelas cobertas de pureza multicolor
Nesses mesmos desertos procuram cogumelos celestes.
E quando o som do raio cair, vindo do alto céu
Igual a ti serei futuro homem desumano?


Assim (com acento grave) rezam lendas de absurdas palavras
Sem que o teu medo controle a linha do tempo!


Conquistam senhores loucos o mundo real e a
Ossos e escombros reduzem o mundo a procriação
Sentimentos vazios entre os vãos de escadas
Tentam no abafado tempo viver sobre a tentação
Animalesca de comer o próximo e com o próximo - Fazei de mim
Senhor do mundo e que o mundo sem mim evapore.


Dados os desgostos híbridos os bons Homens
Esses tentam em vão reescrever o mundo e dominar o medo!


Agem pelo medo do esquecimento que os consome
Homens, dois, um sobre o outro procurando em vão o
Mundo de irreais ambições.
Ásperos caminhos se adivinham sem que
Deus ouse olhar entre as nuvens, e de seus amigos
Inimigos criará.
Nenhum de vós sereis dignos de olhar os homens
Esses dois homens. Feito cadáver serás mais um
Jazigo para a enumeração global de uma nova era.
Antes que a última nuvem cobre o último Deus
Demos as mãos e na penumbra Cantemos hinos ancestrais.


quarta-feira, 29 de julho de 2009

Entender oTítulo

MAIS UM BLOG!
Tudo o que o Mundo precisa é de mais um BLOG!
Claro que estou a ser irónico. O meu objectivo com esse blog é dar trabalho aos arqueólogos informáticos do futuro. De entre Tanto Bloger-Lixo, um mais é sempre um Bom contributo!

Intrepretações possíveis para o Título:

A) Desumano
B) Diz Humano
C) Diz num ano
D) Inumano

E a resposta certa é: A+B:CxD= Todas e Nenhuma!


P.s.- Este Blog NÃO Pretende MUDAR O MUNDO!

A Enumeração dos Diamantes

Pudera eu ser o límpido
sorriso da tua mão
que sobre a água do rio
pressionasse a sua fria pele.
pudera eu conter a repetição
e dos gestos ter-te ia na
minha mão diamante:
o ruivo
o dourado
o esverdeado
o azul
o cintilante
o Negro
o rosa...
e na minha cegueira teria
todo um rio violento.