quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Coisas Acabadas

Dentro do medo e das suspeitas
com a mente agitada e os olhos aterrados,
fundimos e planeamos o que fazer
para evitar o perigo
certo que desta forma horrenda nos ameaça.
No entanto equivocamo-nos, não está esse no caminho;
Falsas eram as mensagens
(ou não as ouvimo, ou não as sentimos bem).
Outra catástrofe cai sobre nós,
e desprevenidos - como teriamos tempo - arrebata-nos.

de Konstandinos Kavafis

Citação # 2

«Nós, os apaixonados, não amamos eternamente»

Rosa Montero

Citação # 1

«O Belo não é mais que a promessa de felicidade»

Stendhal

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sinfonia das Almas

«Sinfonia de espectros, evocando
na penumbra do além, misteriosos:
Rugem vulcões blasfemos e furiosos,
Coros de virgens brancas vão cantando;
angústias e tragégias, quando em quando,
erguem mais altos gritos dolorosos
e cantos resignados e piedosos
põem na orquestração o gesto brando.
Almas...mais almas...tantas almas! Tantas
que as sigo alucinado, no seu trilho...
mas, entre as Almas puras, Almas santas
do cortejo sem fim, que vai e vai,
eu reconheço Alguém que me diz: - Filho!
e, numa prece, lhe respondo: - Pai!»

de Félix Horta in « 12 Poetas Açorianos»

O Guarda-Rios

É tão dificil guardar um rio
quando ele corre
dentro de nós

de Jorge Sousa Braga in «Os pés Luminosos» (1987)

Existirá sempre em mim 2 versos:

Inscrição

Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar


de Sophia de Mello Breyner Andersen in «Livro Sexto» (1962)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A textura mais secreta é o silêncio...

A textura mais secreta é o silêncio e é ele o principal fundamento da
construção invisível. O ser que constrói o seu abrigo torna invulnerável
a sua fragilidade essencial. O subterrâneo conduzirá ao diamante
nocturno do sossego. O seu percurso é uma fuga porque a fuga é uma
força e o desconhecido, na sua viva virgindade, será o supremo ele-
mento de defesa.

de António Ramos Rosa, in «O Aprendiz Secreto».

domingo, 17 de janeiro de 2010

«A lost Cause» (Beck) * * * * * *

«Baby you' re lost, baby you' re lost cause
Baby you' re lost, baby you' re lost cause
I am tired of figthing, I am tired of fighting
I am tired of figthing for a lost cause»




http://www.youtube.com/watch?v=qkNa5xzOe5U

um clássico de Beck

sábado, 16 de janeiro de 2010

Owen Pallett

William Bouguereau



Dante e Virgilio no Inferno, 1850.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Philip Taaffe


Limbus, 2009

Os Pedros e Eu

Os nomes trazem em si o corpo dos sujeitos
Concretos
Configuram uma densa teia inter-alma que
Os une

Os nomes extravasam a mera dimensão do
Eu
Uma Pedra de concreto, uma sombra gelada
Ou um rosto comum.

Quantas são as pedras que beijei
Quantos calhaus verteram meus olhos
Quantos seixos minhas mãos colheram
Foram Pedras
Foram Pedros
Foram Pedras
Foram Pedros

E dividido entre dois mundos
O desejar e o viver
Restou-me apenas Pedras e a memória
Difusa
Clara
Apartada
dos Pedros que se foram.

5 Senhoras e a escrita cuneiforme

Ao Bugatti


Moisés é espanhol!
Atravessou a fronteira sem matrícula.
A escrita cuneiforme
Trazida em seus bolsos, afirmam cinco
Doces senhoras eram apenas sinais.
Que sinais?
Simplesmente sinais de trânsito!
À falta de mar, atravessou o rio
Mais próximo. Diziam umas o Douro
Diziam outras o Guadalquivir.
A distância física é sempre no mapa
Uma mera questão de centímetros e
Centímetros para estas doces senhoras
De peruca à Maria Antonieta é coisa
Que já não importa.
O que importa é Moisés chegar ao café
Aqui, onde me encontro com elas, e dizer-lhes:
«Boa noite minhas senhoras
Posso declamar-vos poemas cuneiformes?»
E olham com seus olhos a pele morena
De Moisés
Que rematará com a frase:
«Tenho dúvidas, muitas dúvidas se
Jesus terá existido».

Com deliciosa barba qualquer senhora
Navega em tais palavras cuneiformes