quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Interregno


Ao anónimo boy de Matosinhos

As minhas mãos já não cheiram a sangue da minha dor
Esperam apenas
Que depois do interregno possam outra vez
Lavar-te os cabelos em cascatas de champanhe
E apanhar-te os frutos mais doces onde não chega o teu corpo

Que posso fazer para romper essas escuras horas
(a noite)
Não posso escrever o teu nome em minhas palmas brancas
(o rio)
Que posso deixar de sorrir e de dizer foge
(o caminho)
Como posso conter tuas mãos frias nas minhas
(as mãos)
Onde meus dedos criarão nós com teus dedos
(o toque)
E em teus olhos atirar-me-ei no vazio desse teu denso mundo que teimas a deixar-me de fora
(o sonho)

Deixa esse vazio e contigo
Sairei do interregno que habito
Destruirei as torres de papel em meu redor
E em caminhos que de terra o não são
Iluminarei as pegadas do meu desejo
Que guiar-te-ão ao êxtase
da morte no Amor
Quando já o teu corpo fundir no meu.

E sorrirei como hoje
Por ouvir Anthony
Com a constante ausência da tua mão
Reina a serenidade
E a ferida de Doris Salveco que me vincaste!



ler ao som de Anthony: http://www.youtube.com/watch?v=iIQ6agSWgto&feature=related

1 comentário: